quinta-feira, 9 de março de 2017

LOGAN (2017)



Empolgado pela ação, angustiado pela trama, chocado pelas revelações, emocionado pelos momentos finais e triste pela despedida. Esse mix de sentimentos, foi o que senti ao sair da sala de cinema depois de assistir ao filme mais aguardo por mim (e por qualquer outro fã dos X-men) no ano de 2017, "LOGAN", o terceiro filme do mutante canadense mais querido da Marvel e que abriu a temporada de filmes de super-heróis com chave de ouro e garras de adamantium.

"Logan" se passa em 2029 e mostra um futuro onde James "Logan" Howlett, outrora conhecido como Wolverine, trabalha como um discreto e amargurado motorista de limusine no sul dos estados unidos, seus poderes estão falhando devido a idade e ele se revesa com o mutante Caliban para tomar conta do nonagenário professor Charles Xavier que sofre de alzheimer.
Os X-men já não existem mais e não há indícios do nascimento de mutantes a pelo menos vinte e cinco anos, sendo a raça dada como extinta. Mas no meio de um trabalho, Logan é reconhecido e acaba descobrindo uma menina com poderes semelhantes aos seus e aceitando o apelo da acompanhante da menina (ou ao dinheiro que esta lhe oferece) aceita atravessar o país para leva-las, no que a acompanhante da menina acredita ser, o último lugar seguro para os poucos mutantes que restaram, o Éden.
Mas como nada é fácil para um sujeito nascido no século XIX, que foi vítima de experiências do governo, teve suas memórias apagadas e viu sua raça desaparecer, a menina, chamada Laura, que também atende pelo registro x-23, está sendo perseguida por uma organização que a vê como posse e que mandou em seu encalço um grupo de mercenários conhecidos como carniceiros.
Restará a Logan atravessar os Estados Unidos com o professor X e a menina na esperança de que o Éden seja real e que eles possam fugir de todos os erros e tragédias ocorridos no passado, em uma viagem que poderá ser a derradeira para esses últimos mutantes conhecidos.

Humano
Meus amigos, que filmaço!! Denso, dramático, humano (ou mutante) , tem toda a profundidade que todos os filmes anteriores do Wolverine (somados) não conseguiam ter, e isso me faz feliz, pois tivemos uma despedida digna do interprete do personagem, o ator Hugh Jackman, em um filme que fez justiça tanto a ele, quanto ao mutante mais famoso das HQ's, tão mal tratado em "X-men Origens" e "Wolverine imortal", mas ao mesmo tempo a competência desse filme me incomoda, não por ele em si, mas pelo fato disso não ter sido feito antes é só acontecer devido ao retorno positivo obtido com o filme do "Deadpool" um ano antes.

A FOX teve que aprender com "Deadpool", que não é necessário efeitos mirabolantes ou roteiros que explicam cada fala, para ganhar dinheiro e agradar os fãs, pois foi necessário o sucesso do filme do mercenário tagarela para o estúdio dar liberdade aos roteiristas e diretores de criar livremente e só assim se colocar no mesmo nível que a Marvel studios (porque sim, esse filme está no mesmo nível de Capitão América 2), isso fica claro, quando percebemos que o diretor de "Logan", James Mangold, é o mesmo de "Wolverine Imortal", nos mostrando quanta porcaria os produtores nos fazem engolir. Claro que não podemos generalizar, pois os filmes dirigidos por Bryan Singer ainda são mais do mesmo, piorando a cada vez que ele dá seu toque autoral, mas agora que sabemos que temos Tim Miller e James Mangold por aí, acho que já está na hora do diretor de "X-men" de 2001, partir para outra.

Mas voltando ao Filme, confesso que a primeira coisa que fiquei preocupado foi quando soube que a trama seria baseada em "Old Logan", a graphic novel escrita por Mark Millar, pois a história lançada em 2008 utilizava todos personagens da Marvel, para contar sobre um futuro distópico onde os vilões venceram e um Wolverine derrotado e apático busca sustentar sua família e fugir de em segredo terrível, o que não seria possível acontecer no cinema, pois os personagens da Marvel são propriedades da Marvel Studios e os X-men, da FOX, mas com muita criatividade e talento, o roteiro entregou uma solução tão aterradora e triste, quanto o segredo que o personagem guarda na HQ de 2008 e que conforme vai se revelando justifica uma série de coisas, culminando em uma cena, protagonizada pelo debilitado professor Xavier, que é uma das partes mais tocantes do filme.

Tocante
Um dos grandes destaques da produção e que demonstra a qualidade do roteiro é o fato dele referenciar fatos ocorridos em outros filmes onde o personagem participou, para esclarecer que a história faz parte do mesmo universo. Assim, temos conversas entre Logan e o professor X, que remetem a luta entre X-men e a irmandade mutante em "X-men" O filme, menção à vacina anti-mutante de "X-men: O confronto final", a bala de adamantiun usada pelo Coronel Stricker em "X-men Origens: Wolverine" e mais algumas pequenas citações que vão costurando a trama e a prendendo naquele mundo onde Logan viveu sua vida, agregando tanto a trama dessa produção, quanto acrescentando mais credibilidade aos filmes anteriores, por pior que alguns tenham sido.

Ainda falando de referências, a história parece trazer muita inspiração de outros filmes com uma temática "road movie". De forma mais clara me vem a mente "Mad Max: Fury Road", devido as intensas perseguições de carro e dos antagonistas com protesesn bizarras e artilharia pesada, sem falar do cenário desértico e isolado onde o protagonista vive escondido com seus poucos amigos; mas a questão de a trama tratar da missão de alguém, que parece ter desistido, de proteger quem ele acredita ser um dos últimos de sua espécie até um lugar seguro e que talvez nem exista, me fez pensar muito no filme "Filhos da esperança" de 2006, ainda mais quando temos a cena final do protagonista.

Outra coisa que, não só eu, mas todos os fãs do Carcaju sempre sentiram falta, foi a violência e selvageria naturais do personagem e que o cinema nos privou desde o primeiro filme dos "X-men" e esse desejo foi saciado com força. O filme é um banho de sangue onde não faltam braços decepados, decapitações, gargantas cortadas, mas tudo isso exatamente dentro do contexto do personagem onde nada é de graça ou apenas para agradar, com o aditivo do carisma e fúria da personagem X-23, a silenciosa e expressiva mutante, interpretada por Dafne Keen.

Violento
X-23, além de trazer mais sentimento e humanidade a história, pois ignorando seus poderes, não passa de uma criança em perigo, é a protagonista de diversas cenas fenomenais e divertidas que dão destaque a coadjuvante, um fato que era um dos problemas principais que eu tinha com os outros filmes do Wolverine, onde TODOS outros personagens tinham que ser diminuídos para que apenas o protagonista chamasse a atenção, assim fazendo aquele absurdo de selar a boca do Deadpool em "X-men Origens" e transformando o Samurai de prata em um robô em "Wolverine Imortal", além de cometerem o absurdo de matar o Ciclope em "X-men o confronto final" apenas para dar à Logan o título de líder dos X-men; erros que esse filme, muito mais maduro, mostrou serem desnecessários .


Pois bem, como já falei acima e repito: "Logan" é um filmaço. Um daqueles filmes que mesmo sendo uma adaptação bem diferente da ideia original da HQ, deixa os fãs extremamente felizes. Uma rara produção que eu não faço a mínima questão de dar spoilers porque quero que todos tenham o mesmo mix de sentimentos que eu tive ao sair do cinema. Um filme que fez justiça ao personagem e ao ator que dedicou mais de quinze anos de sua vida dando interpretando o herói no cinema e que superou minhas expectativas de quando assisti ao primeiro trailer e me emocionei. Nos resta agora esperar que a FOX siga esse caminho iniciado com "Deadpool" e tão bem direcionado com "LOGAN" e siga nos entregando filmes cada vez mais densos e humanos desse universo mutante que sempre foi tão rico e meu preferido.
Que venham, "DeadPool 2" e "Os novos Mutantes".