sexta-feira, 14 de outubro de 2016

WESTWORLD (1973) O filme que deu origem à série da HBO


Dia dois de Outubro estreou no canal HBO, “Westworld”, série de ficção científica escrita por Jonathan Nolan e produzida por J.J Abrams, que já chegou metendo o pé na porta e mostrando a que veio, com um piloto com um potencial gigantesco onde se destacou, além do conceito de inteligência artificial, a brutalidade e Filosofia que nos aguardam para essa temporada. No entanto, o que pouca gente sabe é que a série é baseada em um filme lançado em 1973 pela Metro Goldwyn Mayer, escrito e dirigido por Michael Crichton, o celebre autor de “Jurassic Park” (esse cara era doido por um parque temático) e estrelado por Yul Brynner, Richard Benjamim e James Brolin.

"WestWorld" conta a história de um parque multitemático feito para adultos, onde as pessoas podem realizar seus sonhos e fantasias mais ferozes em três cenários, a idade média européia, o Império romano e o Oeste selvagem americano, todos povoados por robôs programados para simularem como se estivessem realmente naqueles ambientes, tanto no tocante a violência, quanto a sedução, com a vantagem que nenhum humano pode ser machucado por uma máquina, apenas ser agradado e tudo isso pela bagatela de mil dólares diários.
É em um voo para o parque, que somos apresentados a Peter e John (Benjamim e Brolin, respectivamente), dois turistas, que resolvem sair da rotina e viver uma temporada de aventura no velho Oeste americano, atirando em pistoleiros, bebendo em saloons e dormindo com damas de vida fácil (por assim dizer), tudo vai como o planejado durante grande parte de suas estadias, no entanto, pouco a pouco, um bugs vai tornando os robôs menos obedientes e amistosos, colocando em risco, além do roteiro e encantamento do parque, a própria segurança dos visitantes.


Assistindo o filme com os olhos de 1973, o enxergo como, mais do que uma obra divertida e imaginativa, mas, como uma produção inovadora. Para começar temos um prólogo no filme, onde um apresentador quebra a quarta parede e fala direto com o espectador, entrevistando pessoas que voltaram do parque e fazendo um convite claro a quem tiver os mil dólares diários necessários para a estadia, lembrando muito o que foi visto quinze anos depois, em Robocop. Outra coisa é o conceito de lugar livre de amarras morais, onde quem paga, pode fazer o que quiser, algo que foi uma das principal heranças para série da HBO, junto com a questão de ego e o ato de ser dos robôs, que é bastante rasa no filme e parece apenas circundar o robô vivido por Yul Brynner , dando a entender que o bugs os liberta, mas não modifica sua programação, algo que a série irá trabalhar muito melhor, principalmente porque parece girar em torno das escolhas e descobertas dos robôs e não exatamente do temor humano.
A tecnologia dos anos setenta


No entanto, essa não possibilidade de fuga da programação, do mesmo jeito que dá o motivo de ser do filme, que são robôs programados para lutar e desafiar humanos, livres de suas limitações programadas, contradiz a si mesma, quando alguns robôs que são feitos para satisfazer sexualmente os humanos, resolvem executa-los de forma convencional (tiros e facadas) ao invés de mata-los de tanto fazer sexo, que seria muito mais alinhado com o que os definia a principio.

Essa primeira análise deixa claro que o filme possui alguns problemas de roteiro, que embora não maculem o conceito central, deixam furos que poderiam ser melhor trabalhados. O furo que mais me deixou encucado é referente aos visitantes coadjuvantes, no caso um tiozão de bigodes que vai para a parte de idade média do parque e o outro tiozinho de óculos, que vira o xerife do parque; primeiro é apresentado junto com os protagonistas, super empolgado e , depois de ter um romance com a rainha na terra medieval, acaba sendo morto pelo "cavaleiro negro" quando os robôs perdem o controle, sem ao menos ter um contato mais pessoal com os protagonistas, ou sua morte definir uma possibilidade de salvação para o grupo, sua história se justifica como sendo a do cara que está lá para morrer e nos mostrar que tudo deu errado. Pior ainda é o tiozinho de óculos, que surge como um nerdão, sempre se mostra atrapalhado e nem ao menos é visto se ele morre mesmo, sendo que as cenas onde ele é mostrado poderiam ser economizadas para aprofundar muito mais na questão do bug, ou no aprofundamento da história dos dois protagonistas, mas não dá para julgar, pois é um filme que foi escrito e lançado antes da ideia que temos hoje de inteligência artificial e onde a ação, no cinema, era mais valorizada do que o dialogo e reflexão.

Meu nome não é Bale
As Atuações são bem legais até para os dias de hoje, embora carregam muito dos trejeitos dos filmes do tempo em que foi feito, o que é normal. Yul Brynner parece reviver seu personagem em "Sete Homens e um Destino", usando até a mesma roupa, só que muito mais frio e impassível e, o cara estava em ótima forma, para quem na época tinha cinquenta e três anos, parecendo realmente durão; Já Richard Benjamim rouba o inicio do filme, falando sem parar e visivelmente com medo de tudo e, ao final, quando ele sobrevive as piores situações, quebrando a expectativa de que isso aconteceria com o personagem de James Brolin, o filme surpreende mais uma vez mudando o paradigma da época, e, Falando em Brolin, é engraçado ver o pai de Josh Brolin como um Jovem metido a charmozão e confiante, mas o que realmente chama a atenção é que ele é a cara do Christian Bale!!

Mas nada supera a ideia de "Futuro do pretérito" que o filme traz. Assistir a ideia de como seria uma tecnologia que pudesse dar "vida" a uma máquina com os olhos dos anos setenta é muito engraçado, para começar temos os painéis cheios de luzinhas, como em "Alien" e todas emitindo bips ao mesmo tempo, do mesmo modo, como o conceito de CD, pendrive e nuvem não existiam, o que o filme nos apresenta são PC's com enormes rolos de fita magnética e isso é muito louco, ao pensar na quantidade desse material para fazer três cidades com centenas de pessoas artificiais funcionarem; tudo isso somado a moda extravagante dos anos setenta, onde até o avião tem um papel de parede cafona, o que dá aquele charmoso ar de trash no filme, que só é superado quando o rosto de Yul Brymer desgruda da cabeça.

"Westworld" é um bom filme e, apesar de não trazer nada que revolucionou a época, entrega conceitos tão bacanas, que deram origem a uma das séries mais legais que estrearam esse ano. Uma obra que merece ser assistida por todo fã de ficção científica ou por quem deseja saber de onde veio a ideia que Jonathan Nolan irá explorar durante os próximos anos, então não perca tempo e, além da série, assista também ao filme, mas veja logo, antes que as maquinas despertem e percebam que os grandes vilões, na verdade, somos nós e se rebelem.







Um comentário:

  1. Super boa série! Eu acho que vale muito à pena, acho que essa serie é uma das melhores que HBO estrearam. Eu sempre sigo os últimos lançamentos no hbo. Eles tem as algumas das melhores séries. Faz um pouco eu vi uma das suas series em espanhol chamada Sr. Ávila. Adoro a idéia da serie, pareceu muito interessante e de verdade verei o próximo capitulo. Na verdade promete, os primeiros capítulos que tenho visto são ótimos! É muito boa! É uma historia boa que nos mantêm presos no sofá.

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