quarta-feira, 20 de julho de 2016

O DÉCIMO HOMEM (ou a necessidade do diferente)


  No filme “Guerra mundial Z”, depois que a epidemia zumbi tomou conta do planeta, o protagonista parte para Israel, pois existem indícios de uma resistência naquele local. Chegando , ele descobre que o que salvou as pessoas foi o fato de um indivíduo ter acreditado na possibilidade de um ataque zumbi, por mais improvável que isso fosse; esse sujeito se apresenta como o “décimo homem”, uma figura na administração da informação onde, depois de a mesma ser levada as outras 9 autoridades e refutada, tem como função cogitar que o fato, por mais absurdo ou ignorável, possa ser real.

Fico pensando como um “décimo homem” faz falta nas empresas e mesma em nossa vida social no mundo real. Na sociedade em que vivemos, onde as pessoas se cercam quase exclusivamente por seus iguais, seja física ou ideologicamente, uma opinião diferente passou a ser demonstração de inimizade e, caminhamos a cada momento para vivermos isolados em bolhas sociais onde apenas os privilegiados de nossos grupos de Whatsapp desfrutam de nossa opinião sincera (mas que não fere o grupo, ou FORA!) e assim as pessoas, repetem tanto seus pensamentos sem um contraponto, que nada de novo surge e uma ideia refutável se torna um dogma inquestionável.

Não é diferente nas empresas. As lideranças confiam apenas em pessoas que pensam, se vestem e agem iguais a eles; como se fosse claro que “apenas quem é igual à minha pessoa pode estar certo” e em um mundo cada vez mais competitivo, carente de imaginação e atitudes variadas frente aos problemas diários, temos cinco ou seis pessoas com a mesma história de vida, ideologia, atitude e visão de mundo, criando uma pobreza social tão perigosa quanto uma pobreza genética e colocando a empresa em uma desvantagem competitiva, que muitas vezes só é percebida tarde demais.

A questão é, Estamos caminhando para uma sociedade isolada em bolhas, onde apenas quem pensa e parece igual é aceito em cada uma delas, onde a competição é cada vez menos entre os diferentes e mais entre os certos e os errados, onde as ideias que vão de encontro com as nossas são declarações de guerra e o valor da diversidade, seja de cores, opiniões ou opções vem sendo diminuído por pura preguiça de abraçar o novo, uma sociedade que se esconde atrás de antidepressivos e perfis felizes nas redes sociais para fazer de conta que tudo está ótimo.

Penso que seja o tempo de ouvir a opinião contrária, de questionarmos nossas certezas e dar espaço para o novo, chegou a hora de sermos aquele décimo homem e pensar que talvez, o que parece totalmente refutável, seja uma verdade que possa trazer um benefício potencial, ou caso não, que sirva pelo menos para retirar nosso pensamento do status de dogma. Chegou a hora de mudar, ou seremos arrastados pela multidão para lugar nenhum e sem nenhum pensamento próprio a não ser o instinto de repetir o que nos foi imposto, tal qual um zumbi que apenas se junta aos seus iguais para atacar o que é diferente, mas que sem o diferente anda a esmo ou fica parado sem expectativa nenhuma.




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