segunda-feira, 6 de junho de 2016

X-MEN: Apocalipse (2016)

Os X-men são meus super-heróis preferidos. Já contei minha história com os personagens aqui mesmo, dois anos atrás, quando foi lançado "X-men: Dias de um futuro esquecido "e confesso que, devido a esse carinho, sempre que um filme com o selo X sai pela FOX fico apreensivo. Não foi diferente dessa vez, quando dia 19 de Maio, estreou o nono filme da franquia pelo estúdio, "X-men: Apocalipse", dirigida novamente por Bryan Singer e estrelada por James Mcavoy , Jennifer Lawrence, Michael Fassbender, Oscar Isaac entre outros, e, que assisti recentemente com uma mistura de medo e esperança.

O filme se passa dez anos depois dos acontecimentos de "dias de um futuro esquecido", Quando Bolívar Trask buscou apoio do governo para caçar e estudar os mutantes, Causando a fúria de Magneto que ameaçou matar o presidente e a decisão de Mística em impedir o amigo. Estamos em 1983 e o professor Xavier reabriu sua escola integrando humanos e mutantes; Mística é tida como uma heroína e percorre o mundo libertando e ajudando outros mutantes; Magneto, por sua vez, se escondeu em sua terra natal (A Polônia) buscando ter uma vida normal, casou, tem uma filha e trabalha em uma metalúrgica. Em meio a isso, no Egito, En Sabbar Nur, o primeiro mutante, desperta depois de três mil anos e percebendo que o mundo é dominado pelos fracos (humanos) resolve utilizar a força para dominar o planeta e transforma-lo em um lugar onde apenas os fortes tem espaço.

Assisti ao filme com aquela ponta de cinismo de quem quer ver algo decente, mas aguarda uma decepção para poder confirmar sua falta de perspectiva. Mas, embora o filme tenha escolhas de roteiro e diálogos bem contestáveis, fui surpreendido por um filme divertido, que embora não fuja do estilo de direção de Bryan Singer, consegue dar mais cor e ar super-heróico aos mutantes da Marvel.

Essa "cor" começa pela escolha dos atores que interpretam Jean Grey e Scott Summers (O Ciclope). Pela primeira vez sentimos uma química entre o casal, que surge desde o momento onde os dois se esbarram e cresce até o momento de cumplicidade quando os dois partem com a equipe para sua primeira missão, soma-se isso ao casal o fato que é a primeira vez que vemos uma Jean Grey carismática e que lembre aquela citada em "X-men 3, o confronto final" com um poder capaz de mudar a humanidade e um Ciclope que finalmente demonstra uma certa liderança e protagonismo ao mesmo tempo que não age feito um babaca. Outras apresentações legais são as de Tempestade e Noturno , além da consolidação de Mercúrio como personagem fixo da franquia; Tempestade é encontrada por Apocalipse no Egito praticando pequenos furtos, bem parecida com a origem da personagem nos HQ's e embora o motivo de sua mudança de lado seja contestável no final, a mudança em si é plenamente crível, além da atriz ter seu carisma e simpatia; Já o Noturno que é salvo pela Mística no início do filme, tem seus momentos de protagonismo quando luta contra o anjo e de alívio cômico e superação no trabalho em equipe; e o Mercúrio volta a ser destaque por seus momentos de ação que são alguns dos mais legais do filme e se une à equipe em uma cena que lembra a do filme anterior (o que fica chato) mas que não interfere em nada nos motivos do personagem ou o colocando ali apenas como um fan-service e a cena onde ele senta a mão no Apocalipse na última batalha é bem bacana.

Ciclope
O Filme parece querer recontar o que os filmes da trilogia anterior mostraram dessa vez com uma roupagem mais super-heroica e ágil (tanto que ele conta o que há em três filme em um!). A primeira coisa é a descoberta de um novo mutante, que em "X-men, o filme" era a Vampira e nesse é Ciclope e, esse evento, vai guiando grande parte da trama e dando destaque ao verdadeiro líder de campo dos X-men mas sem apagar os demais personagens nesse primeiro arco, além de apresentar a nós através dos olhos do personagem, como funciona a escola Xavier. Junto a isso temos a apresentação do projeto Arma X e uma nova versão para a fuga de Wolverine do laboratório, agora libertado pelos próprios alunos de Xavier, além disso temos o despertar dos poderes da Fênix em Jean Grey, dois fatos que foram explorados em "X-men 2"; e por final temos toda aquela ameaça mundial causada pela Fênix em "X-men 3" agora sendo desencadeada pelo personagem Apocalipse. O bacana desse resumo e reapresentação desses fatos é que norteia os heróis para um novo rumo, porque o filme termina de mostrar que as linhas temporais foram refeitas, o que dá a possibilidade para o novo a partir de agora e o fator que possibilita recontar essa nova versão das histórias sem que o filme fique chato é o bom ritmo que não oscila muito durante as duas horas e onze minutos de filme, mérito do diretor.

Mas nem tudo são flores e o filme tem algumas escolhas e momentos que deixam a desejar. O principal deles é o vilão Apocalipse, que nos quadrinhos sempre foi um personagem assustador e misterioso e que nos cinemas parece um velhinho cheio de convicções baseadas em achismo e que, embora ameace quando desperta no Egito e vai ao encontro de Tempestade demonstrando seus poderes aos desavisados comerciantes locais, parece perder peso conforme a trama anda, dando a entender que leu e não entendeu Darwin com suas ideias de "Só os fortes sobrevivem", poxa! Mutantes também são pessoas e ele quer destruir o planeta para que apenas os mutantes mais fortes fiquem por aqui sem banheiro, agua encanada, energia elétrica e internet (ele viu muito Madmax), sem dizer que o plano dele é exatamente igual ao do Sebastian Shaw em "X-men: primeira classe".

O cara que não entendeu Darwin

O Apocalipse passa o filme todo dizendo que é o pai de todos, o bam-bam-bam e tal, mas acho que o grande poder dele é a pilha fraca, poque nem seus quatro cavaleiros ele sabe escolher direito, pegando qualquer um que está no caminho. A tempestade e o Magneto fazem todo o sentido como cavaleiros do apocalipse, até porque um controla qualquer metal e o outro o clima, mas o que justifica o Anjo e a Psyloke? O Apocalipse esteve cara a cara com o Destrutor, que controla o plasma e tem um poder destrutivo gigante, assim como com o poder do Xavier ele poderia descobrir a Jean Grey que é uma das mais poderosas mutantes da história, mas não! ele quis um cara que ficava voando e apanhou para um noturno de quinze anos e uma ninja genérica que nem telepata é no filme. O pior é o plano dele transferir sua consciência para o corpo de Xavier, o que ele faria? Seria o cadeirante mais poderoso da história? E aquele papinho de só os fortes sobrevivem? Quem vai empurrar tua cadeira pelo deserto depois que o mundo acabar? Se ele usasse o Xavier para encontrar o Wolverine e ficar de posse de um corpo imortal e indestrutível seria mais inteligente. Mas não pára por aí, além de pilheiro e mal maquiado, o Apocalipse ainda deve ter transferido sua consciência para o corpo do Arlindo do Esquadrão da moda do SBT, porque depois de turbinar os poderes de seus cavaleiros, ele ainda cria roupinhas fashion par eles sem lá muito motivo. Mas acho que essas escolhas polêmicas relacionadas ao personagem sejam uma forma de seguir a péssima tradição da MARVEL não emplacar um vilão convincente no cinema e se for assim, todas escolhas foram muito bem feitas, caso contrário foi uma pisada na bola tremenda.

Outra coisa chata que já vinha incomodando desde o primeiro trailer é a onipresença da Mística e o peso de seus papel na trama. De cinco em cinco minutos alguém lembra que ela é uma heroína, que é demais e que é um símbolo, fato que não tem absolutamente nada a ver com a mística dos quadrinhos, que sempre foi uma terrorista da causa mutante, capaz de tudo para mostrar a superioridade do Homo superior. O diretor comete com a Mística da Jennifer Lawrence, o mesmo erro que teve com a Tempestade interpretada pela Halle Berry na trilogia antiga, onde o fato de a atriz ganhar um Oscar mudou totalmente o peso de seu personagem na trama e , a meu ver, foi o primeiro passo em X-men 2, para que o filme seguinte fosse tão ruim como foi. Devido a importância de Mística na história e pelo fato de não ser um personagem tão poderoso, roteiro a transforma em uma negociante e líder conselheira, que tem como maior poder, frases de efeito tipo "orgulhem-se de quem são", "Eu não quero o peso de ser uma heroína", "É uma guerra, não controlem seus poderes" e bla,bla, bla. Sem falar que ela quase nunca aparece em sua forma azul, mas sim com a aparência da Jennifer Lawrence, o que faz a gente pensar onde está aquela história de "seja mutante e orgulhoso" que ela fala para o Fera no "primeira classe"? Pois é! Sua Poser!

Fera (ou seria O Abrahan Lincolm azul?)
Falando em Mística, não dá para deixar de comentar sobre a Maquiagem. Como já disse a personagem da Jennifer Lawrence quase nunca aparece em sua forma real, mas quando aparece ela parece pintada com a tinta dos "Blue man Group", não parece que a cor é dela. O mesmo acontece com o Apocalipse, que lembra muito o inimigo dos Power Rangers, principalmente por ainda ser um nanico magrelo, ao invés de um monstrão de mais de dois metros ; mas o pior, sem sombra de dúvidas, é o Fera! O doutor Hank Mccoy, em sua forma animalesca parece o Abrahan Lincolm pintado de azul. É o terceiro filme onde temos o fera (nessa nova trilogia) e a produção ainda não conseguiu encontrar um tom de pele (ou pêlo) que não pareça ridículo, minha dica é para que eles leiam a fase dos X-mem onde o Fera evoluiu em sua mutação se transformando quase que em uma pantera negra (não azul).
Ainda sobre a maquiagem, é impossível deixar de questionar porque os personagens dessa nova trilogia não envelhecem. "Primeira classe" se passa em 1964, "Dias de um futuro esquecido" em 1973 e este filme de agora em 1983, ou seja, do primeiro para o último se passaram quase vinte anos, mas não vemos traços de envelhecimento nos personagens; tá certo que o Fera e a Mística tem uma desculpa que no primeiro filme é apresentada, mas e o Destrutor, que deveria parecer que tem trinte e cinco ou trinta e seis anos e parece não ter passado dos vinte? E o que dizer do magneto que tinha dez anos em 1945 e em 1983 (48 anos) e trabalhando em uma metalúrgica, tem um rosto tratado com nívea? Custava envelhecer um pouco os personagens? Ou existe a desculpa de algum mutante que emane renew? Acho que foi falha mesmo.

Libera essa fênix garota!!

Para fechar o que não curti muito, temos que falar sobre o grande motivo que criou os X-men, que o preconceito. Os X-men surgiram nos anos sessenta baseados nos movimentos pelos direitos civis liderados por Marthin Luter King e Malcon X ( Xavier e Magneto respectivamente) e onde até os poderes dos primeiros mutantes tinham a ver com o preconceito, então o Ciclope seria aquele cara que destruía tudo o que olhava, o Fera que mesmo sendo um gênio seria julgado apenas pela sua aparência bestial e assim por diante; Acontece que nesse filme esse preconceito não existe! Desde a cena inicial nos anos oitenta, onde é mostrado Scott Summers (ciclope) na escola, a professora está falando bem dos mutantes e isso se confirma quando Jubileu, Jean, Scott e Noturno vão passear no shopping e ninguém parece se importar com o fato de ter um ser com aparência demoníaca e azul andando pela rua, Achei isso muito caído, porque se as pessoas ainda hoje tem preconceito com gays, negros e até com mulheres, o que dirá se se descobrisse, àpenas dez anos atrás, que convivemos com uma raça super-poderosa cujo alguns indivíduos poderiam nos matar apenas pensando nisso? Óbvio que existiria muito preconceito e hostilidade, infelizmente o filme não faz menção nenhuma a uma situação como essa e isso foge ao propósito da luta dos mutantes por aceitação, o que é uma pena.


X-men reunidos
Mas apesar de o filme possuir muitos defeitos, ele não é ruim e confesso que me diverti bastante. O diretor pareceu querer dar uma visão mais super-heroica a franquia, seguindo as propostas dos filmes da Marvel onde a diversão vem antes de tudo. Um ponto que ainda me incomoda é a mania do diretor de sempre fazer um filme de origem e "X-men: Apocalipse" não é diferente, novamente temos o mutante novo no grupo, a equipe se formando e o Magneto novamente tomando na cabeça e depois tentando ser legal novamente, mas, como eu disse anteriormente, o Ritmo do filme é muito bom e consegue que esqueçamos esses por menores enquanto o assistimo. Os personagens em sua maioria são muito carismáticos, assim como as cenas de ação são bem bacanas. Espero que o futuro da franquia sai das mãos de Bryan Singer e Caia na de um diretor mais novo e de ideias novas, como o de Deadpool, só assim teremos filmes dos mutantes que fujam ao eterno ciclo de histórias de origem e partam para uma ação mais aprofundada e discussões mais relativas ao problema da aceitação mutante pelos humanos. De qualquer forma, repito que o filme é bem divertido e merece ser visto e, espero que o próximo, que será contra o Sr. Sinistro, seja melhor que esse, que foi contra o Apocalipse mal maquiado e dirigido pelo Bryan Singer meio repetitivo, mas que, graças a En Sabbar Nur, não foi nenhum fim do mundo. 


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